domingo, 17 de junho de 2012

Destruindo a diversão aos poucos.



A patrulha do politicamente correto é uma praga que tá aí desde algum momento da década de 90, foi necessária em alguns momentos, mas no geral só rendeu momentos pífios, onde coisas que gostamos estão sendo tiradas de nós com o argumento de que fazem mal(o que é verdade, mas não nos importamos), além de estar nos engessando de várias maneiras. Desde 2010 eu tento escrever algo sobre isso, mas nenhum ficou bom o bastante, o assunto é extenso. Hoje falarei sobre a mais recente tendência desse povo.


A história não é doce como essa foto


O berço de boa parte dessas palhaçadas é São Paulo, um lugar onde aparentemente tentam matar a diversão de uma maneira nova a cada dia e assim fico sem poder defender o lugar de cariocas que falam mal de lá gratuitamente(sou carioca, mas admiro o lugar, mesmo sem nunca ter pisado na terra da garoa). Toda hora sai algo de lá, confusão da USP, aquela mulher falando da "gente diferenciada", etc. A mais recente é que querem destruir a santidade das festas infantis, paraísos da comida gostosa e com gosto de infância para torna-las saudáveis. O troço é tão absurdo que vou comentar aqui partes da notícia, que está aqui em negrito e meus comentários em letra normal.


Sai a coxinha de frango, entra o muffin de abobrinha. E, no lugar do refrigerante, água aromatizada ou suco orgânico. Preocupados Paranóicos com o avanço da obesidade infantil e com a saúde das crianças, os pais têm buscado uma alimentação saudável para os filhos até no dia de comemorar o aniversário. E os bufês da capital já se adaptam à tendência.

Tudo bem, eu até entendo que a obesidade infantil é um problema crescente que o Globo Repórter não aumentou muito quando abordou o tema(diferente do que acontece com outros temas relacionados a saúde), é interessante botar uma alimentação saudável que eventualmente tenha comidas mais gostosas, embora isso não seja toda a resposta da questão. O Preocupados foi trocados por Paranóicos ali em cima porque apesar do Globo Repórter não ter aumentado tanto assim o assunto fez o bastante pra render isso. Nessa hora que faz falta uma avó pra dar salvar o neto e deixa-lo comer o que quiser, a criança já come de uma maneira controlada e justo no aniversário, quando poderia haver uma alforria de um dia, a comida é ainda pior. Eu só li o tal muffin de ABOBRINHA e estou tentando digerir faz meia hora. E nem falei do caldo de legumes, algo que deveria passar longe de um ambiente feliz de um aniversário. Mas o suco é uma boa ideia.


Para garantir a adesão às opções naturebas, vale a ajuda dos recreadores, que fazem piquenique e transformam o suco de fruta natural na poção mágica que dá superpoderes. "As mães ficam satisfeitas porque veem que os filhos comem de verdade", diz Julia. 

As crianças não são tão burras pra cair nessa tão facilmente, é mais simples que o suco é bom, elas não vão ter outras opções de bebida por lá mesmo. Melhor cortar a hipocrisia, falando nisso, como a vida é meio que movida a hipocrisia mesmo, eu seria capaz de apostar que essas mães fazem essa com os filhos e mandam ver num McDonalds pra diminuir a paranóia, devem até suspirar de alívio quando mordem o sanduíche. E então pra compensar exageram na questão da comida saudável pros filhos pra ter aquela paz na consciência que só não é tão boa quanto um Angus com um McFlurry de Ovomaltine.

Inaugurado há quatro anos, o Miniland propõe um cardápio que também agrade aos adultos. "Sou mãe e frequentava muitos bufês. O cardápio era sempre a mesma coisa", conta Simone.

Isso é incontestável, mas a mudança foi radical demais, nem os avós vão pra uma festa dos netos pra tomar sopa de legumes, isso eles podem fazer em casa.

Só uma dupla resiste ao apelo natureba das novas festinhas: bolo e brigadeiro estão garantidos em todos os cardápios - às vezes, feitos com açúcar orgânico. Outro item que pouco muda em relação aos bufês tradicionais é o preço da festa. Uma comemoração natureba para 50 pessoas pode custar cerca de R$ 5 mil.

Felizmente o povão não vai copiar isso, ao menos por enquanto. Com 5  mil reais dá pra se fazer uma festa com salgadinho, refrigerante, doces, cachorro quente e bolo pra umas 250 pessoas e ainda sobra. Eu queria ver a reação de uma tia que eu tenho que já distribui saco plástico no começo de festa infantil pros convidados pegarem doces no final e faz uns salgadinhos ótimos sobre essa notícia. Acharia que o mundo está acabando ou ficando chato, o que não deixa de ser verdade.

Mas qual seria a solução? Alternem as duas coisas, façam umas comidas saudáveis que pareçam boas a partir do nome e sejam realmente boas(algo que uma sanduíche de beterraba não é), ofereçam mais opções de comida(70% comida saudável, 30 % comida normal de festas) de uma maneira que se possa comer das duas, até porque os convidados não podem sofrer pela paranoia alimentar alheia. A ideia dos sucos é muito válida, por sua vez, só não precisa dessa palhaçada de chamar de poção mágica, as crianças estão mais espertas pra essa besteirada de recreadores.

Jackal(abaixo a abobrinha, viva a empadinha)

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